História, e devaneios.
Daiane Leticia Colombi
A história perpassa na existência de cada orvalho, cada folha, cada ser nas suas mais diversas atitudes, medos, vitórias, glórias, devaneios, e qualquer outro sentido racional ou não. Mas o questionamento em pauta, coagindo do centro d’alma, que se pretende indagar ao leitor é, “o que é história, como surgiu?” Devemos, prioritariamente, entender a multiplicidade de informações jorradas diariamente, entender que não é o ser humano o protagonista de tudo o que vemos e sentimos, e sim a existência do mesmo e de todo o cosmo.
Mito e história, a saga de boa parte dos historiadores, e afirmo, não com veracidade, que a muitos deve sucumbir ao extremo do delírio, é a tentativa ingênua de desvendar o destino fúnebre da antiguidade até os dias remotos! Em meio a catástrofes naturais, mortes, guerras, o ser humano conseguiu transformar quase todas as experiências, em letras, desencadeando em palavras com homofonias por muitas vezes semelhantes e significados totalmente independentes. Assim como Lucrécio, é possível comparar letras a átomos, numericamente tão insignificante, mas que compõe toda nossa diversidade. Mas bem, não adentremos na problemática das palavras, e sim na sua representativa importância para a história, e penso que o leitor desconfia do rumo ambíguo desta trama, estas tais palavras de homofonias parecidas e significados independentes compõem boa parte do entendimento histórico e espiritual, nos confiada como “verdade”, pelas instituições e intelectos de todas as partes.
Deve se tratar com extrema delicadeza a transformação de qualquer ação em palavras, até mesmo pela dificuldade que isto representa, acredito na minúcia do escrivão ao exibir no papel, por exemplo, todo o sentimento que culminou a uma guerra, toda a alegria de uma gloria, toda a observação minuciosa de uma obra de arte. E talvez por se tratar de algo tão paradoxo, ao ler um documento, sente-se a insegurança de estar pisando em falso.
O que se pretende neste trabalho, não é apresentar referências de documentos, que para o autor do mesmo, possa ser confiável ou não, e sim discutir a problemática do tempo e a história. É de ingenuidade mundana acreditar que não há fontes confiáveis, e vice e versa, aos que acreditam demasiado nelas. Sabemos da importância dos documentos, e fontes, na atualidade de nossa evolução, pois sem estes não há historia, mesmo ela existindo independente da vontade coletiva. O estudo da historia tem sua importância, justamente (mas não unicamente) na tentativa de pesquisar a fundo o que envolve, atinge o ser humano e sua morada, e penso, devemos esquecer as oscilações entre o abstrato e o real, pois não sabemos muito da existência do todo, podemos estar dando passo para trás com isso, mas estamos dando passos!
Assim como o filme Mulhollan Drive de David Lynch, lançado em 2001, em uma cena, em que duas moças se encaminham a uma espécie de teatro misterioso, onde o ilusionista apresenta um espetáculo brincando com o surreal e permitindo dar formas inimagináveis a cabeça dos espectadores, pode se compreender alguns dados históricos. A moça (espectadora) assustada ouvia com atenção os devaneios do ilusionista que proferia a seguinte frase: “não tem banda, isso tudo é uma gravação, não tem banda, mas mesmo assim ouvimos uma banda, se quiserem uma clarinete, ouçam, é tudo uma gravação”. Incrivelmente torna-se útil, para esta escrivã, aplicar ao contexto que tento vos explicar, e pode simplificar tudo o que foi dito antes, apenas utilizando das palavras do ilusionista as minhas, NÃO TEM HISTÓRIA, ISSO TUDO É UMA GRAVAÇÃO, NÃO TEM HISTÓRIA!