quarta-feira, 6 de julho de 2011

TEORIA DO AMOR. Segundo livro Fedro de Platão

Daiane L.Colombi.

RESUMO

Neste texto apresenta-se a intensidade dramática sobre os mistérios do amor, com base no Fedro, um das obras mais influentes de Platão. Esta obra que tanto causa confusão até os dias atuais, relata diálogos entre os amigos Fedro e Sócrates, numa alucinante discusão sobre o amor. Recomendo ao leitor, a leitura e reflexão desta obra estética e humanista, que resume de fato a filosofia platônica.

Teoria do Amor.

Fedro encontra Sócrates, este ao verificar que ele vinha da casa de Lisias (grandioso na arte da retórica) e trazia consigo um discurso do mesmo , convidou o amigo para lerem os escritos. Procuraram um lugar pacifico, onde puderam sentar e refletirem sobre o tema.
Segundo o discurso de Lísias, não se deve prestar favores a quem se ama, e sim a quem são dignos de favores. Os apaixonas são conduzidos ao esquecimento, e cometem injurias; Estão sob a cegueira do amor, não prestam atenção nas coisas, pois querem agradar seu objeto amado. Lisias diz que “os apaixonados afirmam ser os melhores amigos daqueles a quem amam e estar prontos para suportar injurias”. (PLATÃO, 2007, 61)
O amor é causa de piedade, pois o sujeito que ama nunca revelará ao seu amado a realidade das coisas, portanto estará numa mentira. Quem presta favores aos amados, espera que este reconheça seus favores e os retribua da mesma maneira. Uma forma egoísta que força a outra parte retribuir sem desejar. Porém, o autor do discurso faz elogio aos que não são servos do amor, afirmando que “os que não estão sujeitos a paixão não alegam o desleixo dos negócios, nem os esforços despendidos, nem as dissensões que tiverem com parente”. (PLATÃO, 2007, 61) Portanto não ha motivos para arrependimentos quando não se ama, pois quem ama após saciar sua concupiscência arrependem-se.Sobre o amor, não devemos confiar em quem nos ama, pois quem nos ama louva nossas palavras e atos e não se preocupa com a verdade por medo de perder a paixão. Lisias se refere às ilusões do amor e aconselha os cuidados que devemos tomar com a paixão.
Um segundo discurso é feito, muito mais belo, desta vez por Sócrates. Gostaria que o leitor prestasse atenção ao fato que Sócrates em seu discurso apenas ressalta o desejo dos amantes, mas mantêm alguns traços do texto de Lisias. O amor é desejo, mas nem todo desejo é amor.
Existem dois princípios que levamos em nossas vidas, “um é o desejo inato do prazer, outro a opinião que pretende obter o que é melhor”. (PLATÃO, 2007, 69) Um indivíduo pode sentir ambos os princípios dentro de si. Ora acontecem conflitos, ora um poderá se sobrepor ao outro. Pode-se observar um exemplo: Um casal está separado pela distância, ambos estão empregados em bons negócios, porém o desejo inato permite que se desleixem das responsabilidades. Neste caso o desejo se sobrepôs à razão. O amor transformou as possibilidades individuais.
Sócrates faz uma citação em relação aos apaixonas, que é de suma importância observar: “(...) o amante tem vergonha de dizer que se tornou outro, e, além disso, é incapaz de cumprir as promessas e juramentos feitos sob o domínio da loucura da paixão (...)”. (PLATÃO, 2007, 73) O amor então, não seria motivo de inveja, e sim um ato egocêntrico, e por vezes utópico.

Ao longo do diálogo, Sócrates e Fedro trocam de cenários e permitem-se discutir sobre os dois discursos pronunciados anteriormente. Como num estalo da alma Sócrates pronuncia que se enganou em relação a seus depoimentos e um terceiro discurso é feito por ele. Neste último discurso e talvez o mais importante, Sócrates expõe o amor sob diversas explicações fragmentadas.

Começamos com o depoimento de arrependimento, em que Sócrates confessa arrependimentos ao seu amigo Fedro: “Sou adivinho, mas não sou hábil; sou como os que não sabem ler e escrever: só faço adivinhações para mim mesmo. Agora vejo com clareza o meu pecado. Meu amigo! A alma tem o dom de profetizar.” (PLATÃO, 2007, 76)

Sócrates percebe que cometeu um erro terrível, e diz “Agora vejo com clareza o meu pecado”, ele se refere ao pecado que cometeu aos deuses, e principalmente a Eros filho de Afrodite. Como Eros é um ser divino não poderá ser mau. Então tanto seu discurso quanto o de Lisias procura apenas impressionar os tolos.

Elogio do amor
(proferido por Sócrates): Segundo seu terceiro discurso, não seria prudente dizer que devemos prestar favores aos não-apaixonados, apesar desses não agirem com racionalidade, agem com a loucura, e ela não é um mau e sim uma verdade inspirada pelos deuses. A Profetisa de Delfos, por exemplo, presta grandes favores quando está em estado de delírio, e em momentos lúcidos faz as coisas menos importantes.
Sobre a alma é importante que se conheça a alma de todas as coisas antes de se referir a qualquer assunto. Pois toda a alma é imortal, porque o que nos move é imortal. Sócrates se encontra por vários momentos de seu discurso tomado pelas inspirações das deusas, ele observa agora as idéias do amor num modo inteligível, que vem da alma - onde a idéia de amor é perfeita. E revela que
o amor foi enviado ao amante e ao amado, não pela sua utilidade material, mas, ao contrário, esse delírio lhes foi incutido pelos deuses, para sua felicidade. “(PLATÃO, 2007, 81).
É interessante observar que o amor sempre será um tema de importância para a humanidade. Mas Sócrates nos alerta ao fato de que se deve conhecer o que se diz, antes mesmo de pronunciar.


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